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O que é a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção?


Segundo o DSM V, a perturbação de neurodesenvolvimento de Hiperatividade e Défice de Atenção é definida como uma síndrome, ou seja, é um conjunto de sintomas ou sinais de alerta (não apenas um, mas sim vários que surgem em conjunto), que se apresentam de forma frequente. Na PHDA estão envolvidos vários fatores neurológicos que, por sua vez, se manifestam como: desatenção, impulsividade e hiperatividade.



No geral, a sociedade dá mais ênfase a uma das componentes desta perturbação, a hiperatividade, deixando de parte, de forma mais frequente, o défice de atenção. Mas na verdade as duas podem estar interligadas. Porquê? Porque a agitação motora advém da incapacidade da criança se focar numa atividade. Mas é também importante dizer que uma criança pode ter défice de atenção sem ter hiperatividade. O que deixa cair por terra a ideia de que se a criança consegue estar sossegada no sofá a ver um filme não tem, com toda a certeza, PHDA.


Mas então se o meu filho vê um filme até ao fim, se joga computador ou desenha sem se distrair, isso quer dizer que não tem PHDA? O défice de atenção é avaliado pela capacidade de regulação da criança em contextos que exigem tempos de permanência longos, em atividades monótonas, onde surgem as dificuldades de inibição de impulsos. Não se aplicando a atividades como ver TV. A PHDA não é facilmente detetada, ou seja, não existe uma análise, um exame que se faça e que diga de forma exata: Sim, estamos perante um caso de PHDA. Como por exemplo acontece noutros diagnósticos como a diabetes ou uma outra doença metabólica.


Os diagnósticos são feitos avaliando todos os ambientes da criança (casa, escola, recreio ou outros), é uma observação que parte muito mais dos pais ou cuidadores do que de um médico, pois são eles que convivem diariamente com a criança nos diversos contextos.


Será assim avaliado se: A criança tem maior dificuldade, do que as outras, em se concentrar em tarefas que exigem a sua permanência e raciocínio mental (tendo sempre em conta a fase de desenvolvimento em que se encontra). Neste campo os professores são uma peça fulcral porque muitas vezes os pais não têm forma de comparação. Podemos também assim, com a ajuda de todos os que convivem com a criança, evitar ideias como "não se concentra porque não quer", "eu também era muito distraído e agora trabalho mais de 8h por dia numa secretária"


Avaliar as circunstâncias em que surgem todos os sinais. Numa criança com PHDA, as suas caraterísticas, serão certamente notórias e implicativas no dia a dia, para ações simples como alimentação, higiene pessoal, organização e arrumação das suas coisas, gestão nos trabalhos de casa (quando este último já se aplica). Perceber se essas dificuldades prejudicam a criança de forma evidente. Se sim, perceber como está o ambiente e o equilíbrio emocional da mesma. Será que existe algum fator externo que possa estar a despoletar este tipo de comportamento?


A PHDA é muito pouco uniforme no que toca a perfis comportamentais. Podemos encontrar crianças com altos níveis de desatenção ou outras com comportamentos disruptivos mais evidentes. Em idade pré-escolar é mais comum manifestar-se de forma hiperativa/impulsiva com possíveis comportamentos de oposição e agitação motora. Em idade escolar são os sinais de desatenção que se tornam mais evidentes. Na adolescência a agitação motora tende a diminuir mas mantém a impulsividade e desatenção, podendo repercutir-se a nível social e académico.


Apesar de ser uma perturbação que como já disse pode surgir em ambos os sexos, as suas formas de expressão podem estar associadas ao género. É mais comum que o sexo feminino seja mais caraterizado pela forma de desatenção. Frequentemente as raparigas são diagnosticadas mais tarde do que os rapazes, quando muitas vezes apresentam já quadros ansiosos ou depressivos. São elas que por norma em contexto escolar são mais caladas, aprendem de forma mais demorada, esforçam-se muito mais do que os outros mas sem atingir resultados equivalentes ao seu esforço.


É comum a existência de comorbilidades, como dificuldades de aprendizagem ou perturbação do espectro do autismo. É também importante ter em atenção que muitas vezes outras perturbações, como uma PEA por exemplo, podem surgir sob uma forma mais atípica, principalmente em crianças mais pequenas. Assim, se existem dúvidas, se os cuidadores ou os professores/educadores reconhecem sinais de alerta na criança, a mesma deve ser encaminhada para uma consulta de especialidade para uma avaliação, antes de qualquer diagnóstico.



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