
Refeições
Se o cérebro está em sobrecarga sensorial ou com altos estados de ansiedade, quando tenta fazer essa gestão de regulação, podem surgir alguns comportamentos, nas horas de refeição, tais como: Uma negação na alimentação, ou seja, a criança não quer comer, aparenta estar sem apetite, mesmo que não coma há várias horas ou então pode acontecer o contrário, a criança come em excesso, come rápido de mais, coloca vários alimentos na boca, parecendo quase que não come há vários dias. Fazer atividades ou jogos que promovam a regulação podem ser uma mais valia para que a criança esteja mais calma e regulada na hora das refeições.
Gritos
Os gritos podem ser, sem dúvida, um sinal de desregulação. A criança pode estar a utilizar o grito para anular um outro estimulo sensorial. A criança pode estar em sobrecarga e o grito é uma forma de "passar por cima" de um outro estímulo que a possa estar a incomodar. Por exemplo, um refeitório de uma escola tem uma série de barulhos que podem afetar uma criança com hipersensibilidade auditiva, então a mesma pode utilizar o seu próprio grito para tentar anular todos os outros ruídos que a perturbam.
Sonos
A dificuldade em adormecer pode surgir quando a criança está desregulada e a hora de deitar pode ser difícil. Assim, em vez de insistir com a ideia de "tens que dormir", tente uma abordagem diferente, tentando relaxar a criança. Porque vejamos, se a criança já está com altos níveis de ansiedade, ao repetirmos que é necessário que ela adormeça, só estamos a gerar mais ansiedade. O mesmo acontece com os adultos, quando está com uma insónia, se pensar "tenho mesmo que dormir" ainda fica mais ansioso, certo? Então o ideal será ajudar a criança a relaxar o seu corpo e mente. Massagens, música calma ou luz baixa são algumas coisas que talvez possam ajudar nestes momentos.
Agressividade
Pode surgir, quando a criança está em sobrecarga, sob a forma de hetero ou auto agressividade. Não é uma questão comportamental, mas sim uma resposta rápida, ou seja, um comportamento de impulsividade como resposta aos estímulos que rodeiam e incomodam a criança naquele momento. Empurrar, bater, puxar os cabelos, podem ser alguns dos exemplos possíveis. Há estudos que ligam a agressividade à falta de irrigação sanguínea do lobo frontal, que é um dos grandes responsáveis pelo nosso comportamento. Perante estas situações, sempre que possível, leve a criança para um local seguro e sossegado
Movimentos
A ansiedade traduz-se muitas vezes em agitação motora. Seja porque existem muitos estímulos que despertam a curiosidade da criança ou porque os mesmos a incomodam. Muitas vezes o movimento ajuda-nos a voltar a um estado de regulação e foco na atividade. Esta necessidade de movimento pode surgir de várias formas: uma corrida rápida no recreio, um fidget toy na mão, balançar o corpo, etc... Então, antes de pedir que a criança esteja quieta tente perceber o porquê de a mesma apresentar esta necessidade de movimento e ajude-a a encontrar uma forma de se regular.
Da próxima vez que o seu filho, neto ou aluno tiver um comportamento que foge ao seu padrão normal, e antes de assumir que é "normal da idade", ou que são "birras de sono ou fome", tente perceber o que está por trás desse mesmo comportamento. O que será que aconteceu antes? Dê à criança o suporte emocional que ela precisa para processar toda a informação, todos os estímulos que recebeu ou está ainda a receber. Seja a figura de referência, de segurança para a mesma, não condene ou repreenda sem perceber o que está por trás de tudo.
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